domingo, 30 de outubro de 2011

Há anos que é assim

Contam-se os tostões, pensa-se duas vezes se é prioritário gastar cinco euros nisto ou naquilo ou se podemos esperar e guardar esses cinco euros que, somados a outros cinco e a outros três, farão uma pequena diferença de sessenta ou setenta euros ao fim do ano. Há anos que é assim comigo. Há anos que é assim com tantas outras pessoas deste país. 
Pondera-se bem o convite que nos foi feito para aquela festa de aniversário (mesmo quando queremos estar muito com as pessoas que nos são queridas) porque, quer queiramos quer não, são mais dez ou doze euros que se gasta no restaurante (quando não é mais) e mais um tanto numa prenda e esse dinheiro até dá para pagar a água ou o gás. Ou então pensa-se duas vezes na compra daquela revista ou do jornal que habitualmente líamos ao fim de semana ou mesmo naquela blusinha barata que nos iria dar um bocadinho mais de ânimo por ser uma peça de roupa nova. Se era assim há tanto tempo, agora ainda vai ser pior.
Agora nem sequer há lugar a pensar duas vezes se podemos ou não podemos gastar: não podemos, ponto final. Não é possível pensar em prendas de Natal e, se precisamos de alguma coisa, bens de primeira necessidade, há que procurar, vasculhar bem, ver onde se pode comprar tudo com um mínimo de qualidade e o mais barato possível. Não há lugar a compras impulsivas ou à justificação foi-amor-à-primeira-vista-e-não-podia-deixar-isto-na-loja sob pena de ficarmos com um peso na consciência a seguir.
Estamos a viver aquilo que os nossos pais passaram nos anos setenta e oitenta. Estamos a aprender a ser mais ponderados, poupados, mais conscientes das nossas prioridades. Estamos a crescer também com esta crise. 
Acho que no fim de tudo isto, se Deus quiser e se nós nos permitirmos a isso, todos seremos melhores pessoas e iremos valorizar ainda mais o que realmente é importante. 

2 comentários:

  1. Comigo sempre foi assim. Mas parece que para a maioria das outras pessoas não, e talvez por isso lhes esteja a custar tanto lidar com os "cortes"

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  2. Pior quando a coisa é mais profunda do que a re-aprendizagem da poupança. Isso é uma tarefa ardua mesmo para quem não vivesse acima das suas posses mas que pelas circunstancias esbarrou com mudança clara da sua situação. E este ano já me recusei a ir a 3 casamentos porque simplesmente nos era impossivel.
    Infelizmente, há outras coisas mais complicadas que nos "amachucam". Tudo combinado, é doloroso

    MNC

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