sexta-feira, 13 de junho de 2014

É assim a vida

Se há coisa que me corta o coração é ver na televisão aquelas notícias sobre jovens que têm de ir trabalhar para fora do país. É inevitável ficar de lágrima no canto do olho. Podem dizer o que quiserem, podem argumentar que Portugal sempre foi um pais de emigrantes, que os jovens vão procurar uma melhor qualidade de vida, que vão ter aquilo que não têm em Portugal mas... e o resto? A família, os amigos, o conforto de casa, da nossa língua? Será que há alguma coisa que pague tudo isto? Eu, que sou tão apegada à minha família, nem sequer concebo esta ideia de ir para o estrangeiro... percebo e apoio quem o faça e até admiro estes jovens que procuram seguir a sua vida mas fico sempre com a sensação que por cá fica sempre um bocadinho deles.

Os meus pais estão longe, não estão fora do país mas estão longe. Não os posso ver quando quero, quando me apetece e eles também não podem estar comigo com a facilidade de antigamente. Voltaram para a terra quando a crise bateu à porta e por lá ficaram. É assim a vida, dizem. A princípio foi estranho, as minhas rotinas mudaram, só lá ia a casa para regar as plantas e ver o correio e sempre que ali entrava era esquisito. A casa ainda tinha o mesmo cheiro (e ainda tem) mas os meus pais não estavam e ficava sempre com uma sensação de vazio e muita saudade. Agora já estou habituada a ver a casa vazia mas... as despedidas custam mais e a saudade, essa ainda é maior. Desde que sou mãe parece que houve qualquer coisa que mudou em mim. Não, não tem a ver apenas com o facto de valorizar mais aquilo que os meus pais são e que fizeram por mim durante toda a minha vida, tem a ver simplesmente com o tempo, o tempo que passa e já não volta.  Sei que não posso focar-me naquilo que estou a perder, sei que não posso valorizar mais os dias de ausência. Todos os dias penso neles, falo com eles e preocupo-me com eles. Todos os dias falo da avó Maria e do avô Zé à minha filha e digo-lhe que estão cheios de saudade e que gostam muito dela. Mas tenho pena que ela não posso crescer diariamente com os avós maternos e que eu não possa partilhar tantas conversas e sentimentos com eles e isso dói-me muito. É assim a vida. 

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