Dizem por aí que há momentos para tudo, como se houvesse um limite, um prazo, um horário pré-estabelecido e alguém estivesse do outro lado do guichet à espera da nossa senha. Há quem ache que estamos com a senha há demasiado tempo na mão; outras pessoas vão chegando e nós ficamos para trás, sem saber ao certo porquê ou até mesmo porque estamos ali. A maior parte das vezes tenho a impressão que são os outros que nos colocam nestas filas de espera, que se chegam até nós com perguntas, comentários, palmadinhas no ombro e olhares de misericórdia. Depois afastam-se, como se tivéssemos pedido alguma coisa, como se precisássemos de palavras de alento quando, na verdade, nem sabemos bem porque temos de ser igual a tantos outros. Mas a sociedade acha que sim, e como bons cidadãos, vamos acenando com a cabeça quando, interiormente, até começamos a pensar de outra forma.
A ordem natural das coisas pode ser muito complexa, pode ter altos e baixos, pode desencadear aversões e até medos infundados, ou não. Limitarmo-nos a seguir o socialmente correto é simplesmente anularmo-nos como pessoas, como indivíduos únicos com capacidade opinativa, passiveis de erros, imperfeitos, mas quase perfeitos nessa relação positiva com o mundo, com os outros. Se quero, ninguém tem nada a dizer. Se não quero, ninguém tem que concordar, só porque sim. Cada um sabe de si, diz o povo, no entanto, somos julgados diariamente pelas nossas escolhas e pelos passos que damos na vida, apenas porque não fica bem ou não é muito normal. Isto é preocupante e é, sobretudo, esta forma de pensar da grande maioria da nossa sociedade que faz com que andemos atrelados a um desenvolvimento social tão precário. Com muita pena.
Gostei muito deste post. Diria que concordo contigo na íntegra não fosse eu achar que tenho prazos marcados para mim (mas tenho noção que é uma perspectiva muito minha, gerado de alguns traumas e planos que correram mal, lá está, é como dizes, a ordem natural das coisas pode de facto ser muito complexa).
ResponderEliminarBeijinho