segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

O parto

No dia seis de fevereiro senti-me particularmente cansada. Trabalhei todo o dia e fui sentindo umas dores um bocadinho diferentes do habitual mas que não me incomodavam muito. Cheguei a casa extenuada mas aliviada também porque tinha feito o pedido para começar a minha licença de maternidade mais cedo. A minha obstetra não me passou uma baixa para descansar e não tive outra solução a não ser optar por gozar a licença um pouco mais cedo que o habitual. 

A meio da noite acordei com dores de costas e depois de me levantar e de tentar aliviar as dores sentada na bola de pilates, voltei a deitar-me. Eis quando oiço um som parecido ao de uma bolha a rebentar no fundo da minha barriga. Levanto-me e quando chego à casa de banho toda eu deitava água. 
Ao contrário do que eu própria esperava, mantive-me calma. Chamei o R. e ele, ainda meio ensonado, não queria acreditar que tinha chegado a hora de ir para o hospital. Coloquei o fio de ouro que a minha avó me tinha oferecido e saímos de casa.

Chegámos às cinco horas da manhã. Entretanto já tinha enviado mensagem à minha médica que logo me respondeu que estava à minha espera e que a noite estava a ser agitada com muitas grávidas a entrar em trabalho de parto. Foi muito bom ter uma cara conhecida a receber-me no hospital e eu, continuava calma. 
Depois de ser examinada, a minha médica informou-me que o meu parto ia demorar... não tinha qualquer dilatação e era preciso dar tempo ao tempo. Exatamente como eu queria. Colocaram-me a antibiótico e fiquei à espera de ter uma sala de parto só para mim. Foram seis horas de espera mas que me pareceram uns míseros minutos. Telefonei à minha mãe, liguei a uma colega a avisar que não ia trabalhar no meu último dia e liguei também à enfermeira Luisa, do Espaço Cegonha, onde fiz o curso de preparação para o parto. 
Já estava com contrações mas as dores ainda eram suportáveis e fez-me muito bem falar com todas as pessoas a quem tinha ligado. Foi nesse momento que me senti a pessoa mais protegida do mundo. Podem achar que é pura parvoíce mas eu sabia que a minha mãe rezava por mim e pela C., ouvi ao telefone as minhas colegas na escola a darem-me força, recebi mensagens muito queridas da família e de colegas de trabalho e o R. estava ali, tão perto e tão longe. No fundo, sabia e sentia que todos estavam a direcionar energia positiva para mim e para a minha bebé. E continuei calma. 

Já era quase hora de almoço quando entrei para a minha sala de parto, a sala número nove. Entreguei o meu plano de parto à enfermeira que mais tarde me disse que não haveria qualquer problema em cumpri-lo. Coloquei a luz da sala baixinha e pedi para ligarem a música de fundo. O meu R. chegou (finalmente!) e a partir daquele momento começou nossa maratona a três. Mais um toque, mais uma vez a informação que o meu útero ainda não estava preparado e eu só queria que o meu corpo fizesse o trabalho sem ajuda de medicamentos extra. CTG ligado à barriga, as contrações a aumentarem a olhos vistos e toda eu me começava a contorcer de dores. Valeu-me a bola de pilates que nos deixaram levar e que me facilitou a vida naqueles longos segundos de dores intensas. Nos intervalos das contrações o alívio era tanto que quase adormecia agarrada ao R. Nunca me esqueci de respirar e sempre que me descontrolava, o meu mais que tudo estava ali a relembrar-me o ritmo certo da minha respiração. 

Cinco e meia da tarde, novo toque e a boa notícia que estava preparada para levar a epidural. Aí sim, fiquei com algum receio mas logo, logo a epidural estava dada e quinze minutos depois toda eu me sentia nas nuvens. 
E a partir daquele momento foi tudo muito mais fácil. Éramos três pessoas dentro da sala - eu, o R. e a enfermeira-parteira.  De um momento para o outro, de dentro de mim veio uma vontade enorme em fazer força, muita força. E a enfermeira-parteira só me dizia para continuar e eu assim fiz. Senti a minha filha a vir ao mundo sem dor e uma enorme felicidade rodeou-nos naquele momento. Foi tudo muito calmo e sereno. Colocaram-na no meu peito e eu só consegui dizer de sorriso rasgado "olá, filha, minha filha!"

A C. nasceu no dia de anos da minha avó. Uns meses antes, pelo natal, ela tinha-me dito que gostava muito que a bisneta nascesse no dia de anos dela. Coincidência ou não, assim aconteceu e eu fiquei ainda mais feliz por isso, porque não poderia ter dado melhor prenda à minha avó. 

13 comentários:

  1. Gostei tanto de ler o teu relato sereno :-)

    (torce por mim, pode haver boas notícias a caminho ;) )

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  2. Oh pá! Vou torcer, acredita! Um grande beijinho.

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  3. ☺ Muitas felicidades e que a vida lhe seja leve ♥

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  4. Adorei este relato, fiquei toda arrepiada e comovida. Que delícia! E parabéns mais uma vez!

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  5. Muitos parabéns!!!! :)
    Quase 1 ano depois de mim, mais um pouco e era no mesmo dia!
    Aaaahh santa epidural ehehehhee! Eu tive 12h em trabalho de parto que ele tava subido, foi o que me valeu, mas de resto foi tranquilo também.

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  6. Muitos parabéns e boa sorte para esta nova etapa da tua vida. Imagino que deves estar super orgulhosa. Gostei do relato :)

    http://ummarderecordacoes.blogs.sapo.pt/

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  7. Mais uma vez, emocionei-me com o teu relato.

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  8. Que relato tão bonito... Que cotinuem sempre assim,os relatos, e vocês, muito felizes!

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  9. Adorei este texto, fiquei com a lágrima no olho e... ainda não sou mãe. Algo que desejo, num futuro breve.

    Muitas felicidades. Acredito que a Carolina será muito amada. É um amor (;

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  10. Praticamente 1 mês depois da minha. Parabens.


    http://margaridaflordaminhavida.blogspot.pt/2014/01/o-dia-do-nascimento-da-minha-princesa.html

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