O pássaro da cabeça
Sou o pássaro que canta
dentro da tua cabeça,
que canta na tua garganta,
que canta onde lhe apeteça.
Sou o pássaro que voa
dentro do teu coração
e do de qualquer pessoa
(mesmo as que julgas que não).
Sou o pássaro da imaginação
que voa até na prisão
e canta por tudo e por nada
mesmo com a boca fechada.
E esta é a canção sem razão
que não serve para mais nada
senão para ser cantada
quando os amigos se vão
e ficas de novo sozinho
na solidão que começa
apenas com o passarinho
dentro da tua cabeça.
Manuel António Pina
in, O Pássaro da Cabeça, edições QUASI
Lia as crónicas do MAP na última página do JN sempre que o apanhava no café (cá em casa compramos o Público) e fiquei com uma mágoa imensa pela morte dele, para mim tão inesperada. Para além de poeta elegante e sereno, escrevia sobre a actualidade com lucidez e aprumo. Obrigada pelo poema dele que nos trouxe.
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